Autor: Alberto Filho
É uma atividade que vai estimular, firmar ou mesmo fazer com
que seu filho ou aluno, tome gosto de vez pela leitura.
O primeiro passo é conversar com a criança e descobrir seu
gosto literário. Gosto literário aqui significa, saber de que tipo de história
ela mais gosta.
Feito isso, provoque ela à leitura. Isto é feito do seguinte
modo: Primeiro leia você mesmo um livro, sobre o assunto do qual ela gosta.
Deixe que ela veja você lendo. Se fizer isso sutilmente, será melhor ainda. Não
tente chamar atenção para o fato de estar lendo, especialmente se você não tem
o hábito de ler regularmente, pois ela pode perceber o artifício e estragar a
tática.
Se o adulto é do tipo que gosta de ler e ela já sabe disso,
então pode agir de forma natural. Ao ler o livro, procure demonstrar as emoções
que sente a partir do que está lendo. Isto é, ria, faça comentários baixinho
como se estivesse falando sozinho etc., Isso vai deixá-la bastante
curiosa.
Ao perceber que você gosta da mesma coisa que ela, sua
autoconfiança, vai receber uma enorme injeção de ânimo. Imagine só, um
adulto que gosta do mesmo que eu - pensará ela - e sem ninguém
pedir para que ele fizesse isso!
Quando terminar de ler, não lhe ofereça o livrinho. Ao invés
disso, coloque-o em lugar visível, converse com ela sobre outros assuntos, e
finalmente sobre histórias do tema que ela prefere; então comente sobre o que
acabou de ler. Como isso é feito por partes, a pressa pode estragar tudo.
Assim, em outra ocasião, diga que comprou um livro para ela ver, e que é muito
bom.
Importante: Em momento algum a obrigue a ler. Dê-lhe o
livrinho e pronto. Pode ser que no primeiro contato, ela apenas vá folhear as
páginas para explorar o terreno onde vai pisar.
Aqui vale uma interrupção para algumas observações importantes,
que vão determinar o sucesso ou o fracasso do seu plano. Veja bem, não é que
"pode determinar", é que "vai determinar".
Toda criança, com raras exceções, gosta de livrinhos
com:
1.
Desenhos bem feitos.
Tem que ser desenhos ou ilustrações; elas acham fotografias deprimentes e
sóbrias demais para seu mundo, pode até ser uma fuga da realidade, mas é assim,
e nesse momento não adianta entender por que. Saiba apenas que fotos para elas
são menos interessantes que ilustrações.
2.
Os desenhos ou
ilustrações devem refletir claramente o que está no texto que ela está lendo,
para que possa associar o mesmo com a ideia visual da situação, já que ela
sozinha ainda é incapaz de fazer isso, e ainda está construindo associações de
palavras com imagens.
3.
Folhas com pouco
texto.
4.
Texto claro, de
preferência com palavras que ela já conheça (isso não é obrigatório).
5.
Livro com poucas
páginas; média de 20.
Assim, é chegado o momento de você agir. De posse do livro,
após tê-lo folheado, use então o argumento mágico.
PEÇA QUE ELA LEIA O LIVRINHO DELA PARA VOCÊ!
Ao pedir isso, demonstre que tem total confiança nela (isso
se consegue com a entonação certa da voz, tom firme, normal, como se fosse a
coisa mais natural do mundo, sem titubear). Diga também que tem interesse no
livro. Nesse ponto, toda insegurança comum na criança, ao oferecer ou
compartilhar alguma coisa com os adultos, tende a sumir.
Durante a leitura, se quiser, você pode interromper para
fazer algum comentário com relação a história. Também, antes de começar,
diga-lhe que se tiver alguma dúvida sobre o significado das palavras, que
pergunte; ou melhor, use seu bom senso e faça comentários complementares sem
que ela peça, ao menos sobre aquelas que você julgue mais apropriadas, e até
como uma forma de enriquecer o texto. É importante que você saiba, que ela só
vai perguntar se confiar em você, ou se você tiver lhe dado autorização
explícita para fazer isso. Está feito então, ela está pronta e sem mais nenhuma
inibição.
Finalmente, seja paciente e nunca a corrija, diga apenas que
não entendeu direito, algum parágrafo, etc. Nesse caso, você pode pedir que ela
comentasse o que entendeu... Pode ser que durante a leitura ela baixe um pouco
a voz o que é normal. Peça, sem mandar, com muito humor e gentileza, que ela
fale um pouco mais alto. Isso, só vai significar para ela que você está de fato
interessado na leitura, e sua motivação aumentará ainda mais.
Ao perceber que ela está cansada, peça para fazer uma pausa.
Os sintomas de cansaço são: mudança constante na posição, olhadas sutis para o
lado, tentativa de deitar no chão, etc.
Por fim, comente com ela a história que foi lida. É provável
que ela não tenha entendido bem o conto, já que apenas crianças maiores,
conseguem ler para os outros e prestar atenção no que estão lendo.
Diga que a história foi muito boa, que você gostou, e lhe dê
a sugestão de que ela deve ler quando estiver com vontade.
Mesmo que ela não aceite na hora, o que é mais
provável, deixe o livro em local visível e acessível, e incite-a outras vezes
para que leia, sem forçar ou exigir. Faça isso em tom de comentário.
É importante que você saiba que, ao pedir para
ela ler, você lhe deu confiança; confiou a ela uma tarefa de gente grande, e
gostou do que ela fez; isso a fez se sentir importante. Melhor de tudo, essa é
a impressão que ela terá de você a partir daí.
Os efeitos benéficos disso para sua personalidade
são definitivos. Assim, a semente do hábito da leitura foi plantada de forma
simples, natural, sem as pressões da obrigação, em clima de harmonia, como tudo
que é verdadeiro deve ser.
Um último aviso: Peça que leia para você outras
vezes. Dê-lhe mais livros, valorize e incentive a sugestão dela; acompanhe-a na
hora de comprar ou escolher o livro. Use sua criatividade para usar
essa mesma abordagem em sala de aula!
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