Organizar o fluxo de alunos é
fundamental para o bom funcionamento da escola e a segurança de todos.
1 Organização do fluxo
Escalonar a entrada e a saída por turmas ou faixas etárias
e usar mais de uma portaria (quando houver pessoal disponível) são boas
estratégias. Em qualquer caso, é preciso ensinar os alunos a respeitar os
colegas ao transitar na escola. Para otimizar o fluxo com um sinal sonoro,
sinos ou músicas são alternativas às campainhas estridentes. Os estudantes que
chegam cedo e os que esperam pelos pais depois de o alerta soar podem fazer
atividades previamente organizadas: para os mais novos, cantos de brincar com
autonomia e, para os maiores, espaços de convivência, leitura e quadra para
práticas esportivas. Se não houver quem supervisione os alunos, é possível
propor um rodízio entre professores, equipe de apoio e pais.
2 Famílias e transporte
Pais e perueiros necessitam de orientação para não
transformar o portão em campo de batalha. Sugestão: fazer com que a chegada e a
partida dos alunos que usam transporte escolar tenha lugar um pouco antes do
horário dos que são acompanhados por familiares ou responsáveis - desde que os
estudantes não sejam prejudicados (alguns perueiros chegam a sugerir retirar a
garotada da manhã alguns minutos antes de as aulas acabarem a fim de evitar o
atraso do turno da tarde, mas você não deve autorizar esse procedimento).
Quanto aos pais, eles podem ir até a porta da classe,
no caso dos pequenos. No caso dos maiores, o melhor é deixar na portaria e
aguardá-los nesse local na hora da saída. Lembrando que, caso os pais queiram
conversar com docentes e gestores, devem ser orientados a marcar um horário,
principalmente se for para assuntos particulares e demorados. Muitas pendências
podem ser resolvidas na secretaria da escola nos horários de entrada e saída.
Para tanto, basta garantir a presença de um funcionário para fazer o
atendimento. O porteiro pode encaminhar os interessados.
3 Controle de atrasos
Estipular quantos minutos e quantas vezes os alunos
podem atrasar para chegar às salas de aula requer flexibilidade em relação à
faixa etária e ao público atendido - e todas as decisões devem ser aprovadas
pelo Conselho Escolar e constar no regimento interno. Um cenário possível:
crianças de creche, Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 entram a qualquer
momento, mesmo atrasadas (contudo, vale conversar com os pais para evitar que
isso aconteça), enquanto os alunos de Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio
aguardam a aula seguinte na biblioteca, na sala de leitura ou junto à
orientação educacional.
Pode-se combinar também como os atrasos serão
controlados. A partir de certa idade, os alunos preenchem um relatório,
justificando o atraso, e, depois de um determinado número, os pais são
comunicados e consultados sobre os motivos. Outro segmento que requer
tolerância e negociação é a Educação de Jovens e Adultos (EJA), pois muitas
vezes os estudantes perdem a hora por causa do trabalho ou do transporte
coletivo. A comunidade deve, então, refletir sobre o horário de entrada mais
adequado e sua flexibilização (leia
reportagem).
4 Medidas de segurança
As medidas para garantir a segurança devem ser
implantadas no início do ano, quando os pais precisam ser consultados sobre
quem está autorizado a deixar e retirar os filhos (essa informação tem de ser
dada por escrito). A partir de então, a escola fica responsável por cumprir o
combinado e avisar as famílias, de imediato, caso alguém desconhecido tente
contato com a criança e o adolescente. O próprio porteiro (quando houver) tem a
obrigação de observar a movimentação de estranhos, indagar quem é a pessoa e o
que ela deseja.
Professores e demais funcionários também têm o dever
de ficar atentos. Afinal, o trabalho docente não termina na classe e nem o da
merendeira na cozinha. Todos são responsáveis por zelar pelo bem- estar dos
alunos. O cuidado vale ainda em relação aos estudantes com permissão para
chegar e partir sozinhos. Todos eles necessitam de autorização expressa das
famílias. A idade para receberem esse aval é outro assunto a ser decidido pelo
Conselho Escolar.
5 Presença do diretor
Como principal representante da escola, é interessante
que você, diretor, acompanhe a entrada e a saída dos alunos sempre que
possível. É nesses momentos que se pode observar se todos os itens desta
reportagem estão sendo cumpridos. E verificar, por exemplo, se há algum tipo de
comércio ilegal nos arredores do portão, se os pais permanecem circulando nas
dependências da escola durante o período de aulas e se as atividades que
acontecem no início e no fim dos turnos, como rodas de leituras e brincadeiras,
cumprem os propósitos educativos do projeto político-pedagógico. Os prejuízos
para a aprendizagem devem ser evitados a todo momento. "Quando percebo que
os alunos estão perdendo dez minutos na entrada e outros dez na saída, proponho
uma conta aos professores: com 20 minutos a menos todos os dias, quanto as
turmas desperdiçam ao longo do ano?", relata Nazareth Mazzega, diretora da
EMEF Barão de Monjardim e formadora de diretores em João Neiva, a 76
quilômetros de Vitória.
A chegada e a partida dos estudantes dizem muito sobre
como a gestão se relaciona com as turmas, as famílias e os funcionários. Há
alunos correndo ou eles entram e saem tranquilamente? Pais se acotovelam ou têm
condições de entregar e retirar os filhos sem tumulto? Existem ou não regras para
que a equipe atue colaborativamente nessas horas? Se as respostas apontam para
um cenário confuso, é preciso repensar a estrutura disponível para a circulação
de pessoas.
Esses horários fazem parte dos tempos escolares e têm
propósitos educativos, pois suscitam discussões sobre o respeito ao próximo.
Além disso, são importantes para a socialização. "Os gestores devem
permitir que os alunos tenham tempo - ainda que alguns minutos - para pôr a
conversa em dia, falar da lição de casa e resolver pequenos conflitos",
diz Juarez Dayrell, coordenador do Observatório da Juventude e professor da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Cabe à direção programar a entrada e a saída dos
estudantes de acordo com o segmento de ensino, o tamanho da escola e o perfil
do público. Por isso, é fundamental conhecer a comunidade, os meios de
transporte utilizados e a distância média percorrida da residência à escola.
Assim, fica mais fácil planejar a abertura dos portões e a recepção dos estudantes.
Em geral, a Secretaria de Educação estipula os
horários. Porém a equipe gestora tem liberdade para fazer alterações conforme
as necessidades - desde que tome os cuidados para garantir as horas letivas
previstas por lei e registre as mudanças no regimento interno.
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